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30.3.04

"Em Brasília, dezenove horas" 

Provinha amanhã para Reportagem da Radiobrás. Oito e meia da manhã, na Praça Mauá. Será que vai dar pé? Será?

15.3.04

Não é mole não 

O jornalismo brasileiro está cada dia mais sério. Depois de O Globo dedicar bom espaço de sua primeira página à novela de Luma de Oliveira, chegou a vez de mais um órgão das Organizações levantar uma informação de altíssima relevância para a nação. Sempre fui paciente com meu querido Extra, mas revelar onde Zeca Pagodinho escondia o generoso estoque de sua "eterna amada" Brahma é dose pra leão. Além de parecer um merchandising muito do vagabundo. Com tudo isso, espero, para os próximos dias, uma matéria bombástica do Dia ou do JB, ou dos dois, sobre a nova namorada de Ronaldinho, O Fenômeno, ou um escândalo qualquer nos bastidores do Big Brother.

PS: Mas que a sacada da Ambev pra detonar a Nova Schim com o mesmo garoto propaganda foi boa, ninguém pode negar.

10.3.04

Dois Mil Metros ou A Felicidade É Azul 

Não sou daquelas pessoas cheias de "atitude". Ao contrário dessa tribo que vive dando entrevistas por aí afirmando que "não me arrependo de nada que fiz", eu me arrependo de muita coisa. Afinal, imagino, a vida de um ser humano normal é feita de inúmeros arrependimentos, já que todo mundo erra e erra pra caramba. E quem não se arrepende de seus erros? Bem, de minha coleção de arrependimentos, um deles é muito especial para mim: ter parado de nadar. Salvo em poucos momentos de meus últimos anos, como alguns meses de 1999, 2002 e 2003 (quando estava, por ordem, ainda empolgado com o vestibular, trabalhando muito em O Fluminense e às vezes na Infoglobo e no SGR), a desculpa de que faltava tempo servia mais para mascarar a minha própria preguiça. Apesar de adorar natação - o único esporte que minha completa falta de aptidão para os coletivos me permitiu praticar -,era muito mais prático para mim ficar em casa, dormir até mais tarde ou fazer outra coisa qualquer. Achava que estava enjoado daquela rotina de treinos que fez parte da minha vida por anos e que devia parar. A "falta de tempo" foi a desculpa perfeita. Me arrependo disso até hoje, principalmente quando analiso meu quadro atual: muitos quilos e problemas de saúde a mais.

Uma das minhas primeiras promessas de Ano Novo era aproveitar o tempo livre que teria no início de 2004, já que estaria sem trabalhar, para voltar a nadar. Tinha que fazer alguma atividade física e musculação havia se mostrado terrívelmente insuportável para mim. "À piscina", determinei. A preguiça, no entanto, falou mais alto. Pelo menos arrisquei umas caminhadas em janeiro e fevereiro, sempre naquele horário do pôr-do-sol, quando o céu de Icaraí fica particularmente mais bonito. Mas não era o ideal. Até que, domingo, decidi voltar a nadar de uma vez por todas. O passo decisivo foi tomado ontem mesmo, à noite. Comprei óculos de natação e touca novos e coloquei o relógio para me acordar às sete da manhã. Não foi preciso, o calor se encarregou disso meia hora mais cedo.

Ainda enrolei mais do que devia. Meu plano era sair de casa às 7:30, chegar ao clube quinze minutos depois e nadar das 8 às 9. Mas saí de casa às 8:30, portanto só caí na água na hora em que já deveria ter terminado o "treino". Mas não fez muita diferença. O que importava é que finalmente eu tinha vencido a minha maldita preguiça e tinha entrado na piscina para nadar.

Nunca imaginei que quatro anos afastado das piscinas pesassem tanto. Com muito sacrifício consegui nadar a minha meta inicial, de dois mil metros, em uma hora e dez minutos, sempre devagar, parando a cada cem metros, variando os estilos, arriscando um medley de vez em quando, descansando com pernadas. Pode parecer pouco se comparado com a média de cinco mil metros nadados diariamente, cinco vezes por semana, onze meses por ano, durante sete anos ininterruptos. Mas o cansaço daqueles setenta minutos foi imensamente gratificante. Não sabia a falta que a natação me fazia e nem pude acreditar como fiquei tanto tempo afastado. Não pretendo mais me afastar, nem quando o tempo voltar a ser escasso para mim. Tempo a gente arranja, sempre me disseram. Demorei muito para levar isso a sério. Com o mundo tão compliado, com a vida tão difícil, com a esperança acabando dia após dia, são as pequenas coisas que fazem a diferença. Hoje eu pude comprovar que uma simples hora dentro da água foi suficiente para me dar um outro ânimo. A felicidade também está nos ladrilhos azuis no fundo de uma piscina.

1.3.04

Cinzas, Coppola e os Patronos 

Acabou. Acabou o Carnaval, acabou fevereiro, começou o ano.

Mesmo não sendo dos mais fervorosos admiradores da festa momesca, dediquei boa parte de meu precioso tempo, na última semana, aos desfiles da Sapucaí. Infelizmente não consegui ver todas as escolas, meta que, um dia, vou alcançar, só por teimosia. O fato é que, por mais bonito que seja o desfile, bastam 20 minutos de marchinhas com refrões padronizados, comissões-de-frente "inovadoras" e carros abre-alas nababescos para o sono se aproximar. Aí fica difícil. Mas, mesmo assim, acompanhei alguns desfiles, os respectivos compactos e a emocionante apuração, quando minha Unidos do Viradouro (que homenageou o Pará de meus ancestrais) foi terrivelmente injustiçada.

Aprendi até pedaços de algumas das musiquinhas deste carnaval, apesar de achar a grande maioria insuportável no restante do ano. Tirando os sambas reeditados por Viradouro, Tradição, Portela e Império, insuperáveis, e alguns refrões contagiantes, como os de Mangueira, Imperatriz Leopoldinense e Beija-Flor, nada se pode aproveitar para qualquer audição até o próximo carnaval.

Apesar desta aparente agitação, o feriado serviu mesmo de retiro quase espiritual. Tá bom, não viajei para nenhum lugar exotérico nem me enfurnei em nenhuma congregação religiosa. Me limitei mesmo ao eixo Santa Rosa-Fonseca, no único lugar do mundo em que não se celebra o carnaval: Niterói. Além daqueles programinhas básicos do estágio morgatório, como comer pizza em frente à TV e tirar a poeira daquele livro esquecido, concegui por em prática um desejo de longa data: assistir à trilogia do "Poderoso Chefão" inteira, quase sem interrupções. Nem me lembrava mais de como esses filmes são sensacionais, mesmo o terceiro, tão criticado.

A saga da Família Corleone fica ainda mais interessantes quando é vista num momento tão particular para a jogatina ilegal no Brasil. Além de os bicheiros (nosso equivalente para gangster) passarem de contraventores a benfeitores sociais da noite para o dia, em fevereiro, eles ainda se transformaram em financiadores do governo progressista, eleito em cima da esperança do povo. O que não deixa de ser uma parceria eficiente. O governo entra com a esperança e o bicho, com a fantasia. Bênção, Padrinho. Digo, Patrono.

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Posso realmente não entender nada de jornalismo, mas é impressão minha ou os textos do Régis Rësing (o Repórter de Pijama) estão ficando cada vez mais irritantes?

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Posso também não entender nada de futebol, mas como que um clube que se considera uma "Máquina" perde para um time-de-um-homem-só duas vezes e ainda contrata dois jogadores que são mais famosos por seus defeitos que por suas qualidades?

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