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19.2.04

60 dias 

É oficial: completo hoje dois meses de inatividade. Sessenta dias de ponto-morto na minha vida profissional. Digo ponto-morto porque não sou um fatalista, como muitos me consideram. Se o fosse, mudaria para marcha-ré. Mas não acredito que minha "tão promissora carreira" (todos um dia já pensaram assim, admitam) esteja de fato andando para trás. Somente está parada, não se move em nenhuma direção. O que não deixa de ser incômodo, já que, ao se mover sempre para frente, o mundo acaba ampliando a distância em relação àquele que está parado. Não, não é uma tentativa de filosofar sobre a vida, mesmo que isso seja a maior tentação de dez entre dez pessoas que possuem um blogue. É só uma recordação para essa inusitada efeméride. Quem sabe que daqui a dois meses, novamente na ativa, eu leia este texto e pense: "Caramba, ainda bem que passou"? Assim como no mesmo espaço de tempo, eu ainda desempregado, relembre: "Caramba, e eu achando que naquela época é que estava ruim; não sabia mesmo o que teria pela frente".

O fato é que, passados dois meses de minha saída dos flancos menos rentáveis das Organizações Mega Marinho, eu ainda sinto uma sensação muito estranha e desagradável, como se eu não conseguisse encontrar lugar para mim mesmo. Seja no mercado de trabalho, na sociedade ou mesmo na profissão que escolhi seguir, eu me sinto um estranho no ninho. É uma angústia diferente, a de não saber que rumo tomar, ora por ter inúmeros caminhos, ora por não ter nenhum. É como ter a exata noção de seu objetivo mas não ter a mais vaga idéia de como alcançá-lo.

Outra coisa interessante é a maneira como encaro isso tudo. Apesar de passar todo o período do estágio pensando na hipótese (sempre real e concreta) se ser mandado embora no fim do ano, o baque causado pela infeliz notícia não deixou de ser forte. Por algum tempo eu não conseguia deixar de pensar nisso por mais de cinco minutos. Até sonhava com as redações, com as pessoas, com as situações, como se não conseguisse me livrar daquilo tudo e encarar como algo "que passou". Mudou o ano, passaram-se semanas até que, enfim, consegui me desprender daquele suplício. Foi então que se iniciou outro, ainda pior: o que fazer daqui pra frente? Recém saído da faculdade e com menos "amigos" no meio do que o recomendável, foi a hora de encarar aquilo que, para mim, era só um temor, o maior de todos: o desemprego. E é nisso que estou até agora, pouco mais de oito e meia da noite da última quinta-feira antes do Carnaval.

16.2.04

O Maníaco do Zôo 

Depois de tentar debater - quase inutilmente, diga-se de passagem - a horrenda camisa da Seleção, vamos a mais um assunto de grande importância: o serial killer que anda exterminando os animais do Zoológico de São Paulo. Segundo pude ler no site daquele jornal, já são agora 13 vítimas desse cruel assassino, incluindo dromedários, orangotangos, chimpanzés, antas, elefantes e até um bisão (Deus, quem mataria um bisão?????). Isso tudo, suspeitam os investigadores, com veneno de rato.

Nada contra os bichinhos, que, como bem já nos ensinou Padre Marcelo Rossi, também são criaturas do Criador. Mas convenhamos que existem assuntos mais importantes para se debater atualmente no país. O incrível trabalho do nosso parlamento, por exemplo, que consumiu 50 milhões de reais por três semanas de votações extraordinárias inócuas. Ou a nova empreitada da cerebral governadora Rosinha Garotinha, que quer disponibilizar à população casa própria a R$ 1,00. Mas creio que, em época e eleição, é melhor quebrar a cabeça com a matança no Zôo e a heróica vitória brasileira no embate diplomático travado contra a toda-poderosa Taiwan. Ah, sim, temos ainda o Caso Pedrinho 30 Anos, que, se solucionado, irá proporcionar ao Brasil um grande avanço em direção ao "espetáculo do crescimento". E que tal discutirmos a polêmica dieta carb free do Dr. Atkins? Tanto faz, é sempre a mesma enrolação, encher lingüiça, causar frisson, chamar a audiência. Nosso noticiário é praticamente uma novela das oito. Mas é a regra do "bom jornalismo", que ensina que um bom assunto rendo no máximo duas semanas, se vier acompanhado com boas imagens e declarações. Depois disso, outros casos e escândalos virão e daqui a um mês ninguém se lembrará que os patronos do Carnaval carioca colaboraram com o espetáculo da elegibilidade de Luis Inácio. Mas provavelmente, saberemos que o número de animais mortos pelo "Maníaco do Zôo" já terá chegado a mais de 20.

12.2.04

Pra não perder o costume 

Maré Zero, Maré Zero de Maré Um Dois Zero Dois.

A paz reina na área, doutor. Só para não perder o costume.

E nada como o chope do Nova Capela e uma goleada do Flu.

"Jorge é da Capadócia/Ogã toca pra Ogum..."

Até.

PS: E que camisa bizonha é essa a nova da seleção? Que merda, rapá! Ainda bem que torço pela Romênia.

5.2.04

Travestis e autóctones 

Manchete é tudo. E preço também. Sem emprego (por enquanto), com pouco dinheiro e com muita curiosidade, comprei ontem um exemplar do brioso diário Povo (isso mesmo, sem o artigo na frente), conhecido pela forma crua com que trata a realidade. Apesar do histórico sangrento, a capa que me chamou a atenção tinha um tom mais brando, além de custar apenas R$ 0,50. Sem presuntos e sem chacinas, a manchete era a seguinte: UM MICO VERDE-OLIVA: TRAVESTIS ROUBAM MILITARES EM COPA. Na chamada da capa, o leitor ainda era informado que dois tenetes do Exército haviam agredido três "bonecas", identificadas como "Bianca", "Juruna" e Soraia", que faziam ponto em Copacabana (óbvio). Os oficias saíram batendo e atirando depois que descobriram que seus celulares foram roubados pelos travestis. Estes afirmam que só fizeram sexo oral com os milicos. Atividade negada pelos tenentes.

A matéria, em si, não tem nada de mais, além do fato, engraçado por natureza. Foi na página dois, no entanto, que encontrei a grande pérola daquela edição. O novo secretário de Direitos Humanos do estado, o pau-pra-toda-obra coronel Jorge da Silva, em seu discurso de posse, apresentou à população sua nova grande idéia. Coronel Jorge quer que órfãos de policiais mortos em ação tenham vantagens em vestibulares de universidades públicas. Ou seja: o órfão teria a vaga garantida automaticamente se fosse aprovado no vestibular, mesmo não sendo classificado. A única preocupação seria não zerar em nenhuma matéria. Capaz de, no próximo vestibular da instituições estaduais, essa novidade já estar valendo.

E para provar que não entende apenas de educação, o Coronel Jorge fez questão de esclarecer aos desavisados, como um bom professor, as razões enraizadas de nossa desigualdade social e dos nossos fracos Direitos Humanos. Nas palavras do coronel: "Na verdade, os europeus impuseram a opressão aos povos da periferia, da África, da Ásia, da América Latina, no exato momento em que tinham os direitos de seus cidadãos ampliados. Este dado é relevante porque, às vezes, falamos do Rio de Janeiro, esquecendo-nos de que se trata de uma cidade da América Latina, região que foi palco de atrocidade do colonialismo europeu cometidas contra os atóctones e os da cor do ébano trazidos da África". Muuuuuuito mais chique do que dizer "índios e negros", não? E atenção para o detalhe: o texto acima foi transcrito do Povo, não do Globo, do JB ou do Estadão. Acho que vou continuar a comprar o Diário Oficial da nossa guerra cotidiana.

3.2.04

A Fila 

Há um consenso geral de que a praia representa o que há de mais democrático no Brasil. Não chego a discordar completamente, mas tenho uma outra opinião: a burocracia é o aspecto brasileiro onde a democracia se apresenta de maneira mais visível, principalmente na pequena burocracia, aquela da qual não se pode fugir, seja faxineiro ou magnata.

Por que esse assunto? Porque hoje pela manhã me ocupei, por uma hora e meia, na fila para o recadastramento da 71ª Zona Eleitoral de Niterói. Recadastramento esse que já está acontecendo há mais de um mês e que se encontra na última semana. Dito isto, é de se imaginar que quase todo mundo - eu, inclusive - deixou para comparecer na última hora. Entre os atrasados, as mais variadas classes sociais: da madame que mora num luxuoso triplex no, agora muito nobre, Jardim Icaraí, à biscateira que sobrevive num barraco no Morro Souza Soares, passando pelo funcionário público aposentado que mora em Santa Rosa. Não se pode fugir desse transtorno, todos são obrigados a enfrentar, em pé, a mesma fila.

E como grande concentração de pessoas no mesmo lugar acaba em muito barulho, não consegui ler mais que três páginas de "Morte em Veneza", que inocentemente levei para me distrair. Graças a isso, porém, pude observar a grande fauna de tipos variados presentes na fila. Aí vão alguns deles:

O Líder: o predileto das consultoras de RH, tal personagem é aquele que tem uma incontrolável ânsia de exercer sua liderança sobre os demais, obviamente inferiores a ele. Também conhecido como O Bom, ele toma para si a missão de organizar a fila, como se fosse um representante direto da Burocracia entre os mortais. Institui regras, fiscaliza o trabalho dos burocratas, dá esporro em quem estiver atrapalhando, combate os Fura-filas, etc. Tudo isso, claro, sempre falando muito alto.

O Cidadão Exemplar: espécie de braço-direito do Líder, esse elemento, geralmente representado por aposentados e donas-de-casa na menopausa, não admite que seus direitos como cidadão sejam violados. Na verdade, ele não quer é ficar na fila. Dá palpites o tempo todo, diz "Isso é um absurdo" a cada três frases, ameaça queixar-se com o responsável e reclama que a população não se revolta contra "esse estado de coisas que aí está". Também abomina os Fura-filas, porque, afinal, é um cidadão exemplar.

O Jurísta: versão evoluída do Cidadão Exemplar, esse personagem tem uma estreita relação com o Direito e com o Poder Judiciário, portanto sabe que "ficar na fila é inconstitucional" (sic). Geralmente é um estudante de Direito, advogado, promotor, juiz, desembargador, oficial de justiça etc, ou amigo/parente/conhecido de alguém que tenha alguma ligação com o Direito. Está sempre ameaçando acionar a polícia.

O Insurreto: figura perigosíssima, esbraveja contra tudo e todos, chama os políticos de ladrões e diz que nunca mais vai votar. Quase chega ao ponto de agredir fisicamente os letárgicos burocratas de plantão. É o único que fala tão alto quanto o Líder.

O Conselheiro: pessoa apta a dar qualquer tipo de conselho sobre qualquer coisas a qualquer um que queira ouvir. Presta consultoria desde a "arte de ensinar seu filho de três anos a ler" até "a importância de reforçar a laje de sua casa em épocas de temporal". Está sempre acompanhado pelo Crédulo, aquele que lhe dá ouvidos. Bom ressaltar que O Conselheiro nunca está errado e que seus conselhos podem mudar a vida de quem os escuta.

O Desinformado: personagem que, apesar dos enormes cartazes no local, das explicações dadas pelos burocratas e pela divulgação na imprensa, jura não ter sido avisado a tempo. Não sabe que documentos deveria levar, o por quê da fila e nem se deveria estar ali mesmo. Geralmente entra em duas filas erradas antes de encontrar a certa, ou não apresenta o que deveria apresentar na hora de ser atendido, o que o faz pegar a mesma fila novamente. Quando o Desinformado é mais abastado, prefere pagar a multa a pegar outra fila. Sempre reclama de que não fora avisado antes, apesar da intensa divulgação. "Como que eu ia saber disso?" é a sua máxima.

O Idoso: figura de importante papel em qualquer fila. Tal personagem é sempre o que chega mais cedo, mesmo sabendo que tem uma fila especial para ele. Como chega horas antes do atendimento, é quem mais espera, inutilmente, já que geralmente é atendido em pouco tempo. Não faz reclamações, faz lamúrias.

O Malandro: personagem síntese do povo brasileiro, não pode faltar em qualque fila. De tão rico, esse ramo tem várias subdivisões. A maior delas é o Fura-fila, que dispensa apresentações. Há o Fura-fila Sorrateiro, aquele que vai chegando como quem não quer nada e quando se vê já está na sua frente, o Fura-fila Sem-vergonha, que chega e vai direto pro início da fila, sem se importar com o protesto dos demais, o Fura-fila Parente/Amigo, que encontra sempre um conhecido na fila, puxa uma conversa e quando menos se percebe, já está totalmente inserido na fila, entre outros. Fora do ramo dos Fura-filas, estão os Aproveitadores, aqueles que mandam outras pessoas para a fila para guardar lugar. Os explorados são geralmente avós, filhos, empregados e namorados.

Existem ainda outros inúmeros tipos exóticos, mas vou ficando por aí. Pode-se encontrar mais informações na fila mais próxima de você, caro leitor. Espero apenas ter dado minha colaboração para a evolução de nosso processo democrático.

2.2.04

O Homem e sua busca interminável 

Bem, eu ia escrever aqui e agora sobre a saborosa sensação da superioridade humana, de como nós, privilegiados seres pensantes, conseguimos dominar a tecnologia e usá-la a nosso favor. Nessa interminável batalha entre Homem e Máquina, hoje, pela primeira vez, saí vitorioso. Pelo menos parcialmente. Depois de horas de muito suor (mais pelo calor de 40°C), consegui domar o meu irredutível PC e esvaziar mais de dois giga-bytes de memória. Isso, somado ao fato de eu ter conseguido, sabe-se lá como, elaborar este espaço, com direito a comentários e linques, me deu um enorme sentimento de poder. E era sobre isso que falaria nestas linhas.

Porém, como em qualquer filme de ação/suspense/guerra/terror, o revés surgiu exatamente quando a vitória final parecia questão de tempo. Como podem observar no post abaixo, a minha tentativa de colocar uma figura no blogue falhou. O pior é que isso deve ser a coisa mais fácil de se fazer. Um tremendo balde de água fria no processo evolutivo que já vem acontecendo há quase uma semana (é só ver a data do primeiro teste). Passei boa parte desses últimos dias dissecando detalhadamente códigos-fonte de vários blogues e me sentia como aqueles personagens de Matrix, tendo que entender o mundo através de números e códigos. Bem no esquema de tentativa e erro, consegui os meus poucos avanços nesse campo da T.I, nas coisas mais simples, como mudar as cores, os textos e trocar os linques de lugar. E vi que é um tanto complicado.

No entanto, como qualquer desvalido, ainda me resta a esperança de conseguir reverter esse quadro. Vou estipular uma meta: até o fim do ano conseguirei inserir uma figura no blogue, nem que para isso eu recorra à ajuda de meus fieis amigos blogueiros. E tenho dito.

PS: E, ainda por cima, ando inseguro com o meu português. Se alguém encontrar algum erro grosseiro, por favor, não o considere, é melhor fingir que não viu. Obrigado.

Teste de figura 

A figura tem que aparecer...

Super-man que nada

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